quarta-feira, 29 de junho de 2011

Isso pode não ser dança? O retorno

Sim, o "Isso pode não ser dança?" retornará, só que dessa vez num formato completamente diferente do antigo. Questões que antes eram pra serem tratadas de forma impessoal, hoje são extremamente pessoais, mas deixarei isso para quem for vê-lo no dia 05 de julho, no painel performática da escola de dança da UFBA, a partir das 20 hrs,

Por se tratar de um trabalho que agora ganha um cunho pessoal/autobiográfico, enviei a seguinte mensagem a baixo a algumas pessoas que considero importantes nestes três anos e meio morando em Salvador. Sei que não cobri a totalidade das pessoas, mas aos poucos tento isso.

Você, ao ler o texto abaixo, sinta-se como parte da história e meu convidado pessoal para o trabalho. O isso pode não ser dança? hoje nada mais é do que pessoas que cruzaram/cruzam meu caminho, me mostrando outras possiblidades, medos e desejos na vida

Enjoy

"Fernando Lopes

Prólogo



Ola a todos



Apesar de querer enviar esta mensagem de forma pessoal, felizmente, pela quantidade de pessoas se torna bastante difícil, por isso, peço que imaginem que pensei em cada um de vocês ao enviar essa mensagem.



Se você está recebendo esta mensagem, é porque de alguma forma você interferiu na pessoa que sou hoje durante esses três anos e meio que resido em Salvador. Me provocou, foi uma influência ou simplesmente sofreu por conta da minha pessoa.



Como alguns de vocês sabem, estou me formando agora em dança. Se estou feliz? Não sei. A única certeza é que estou cumprindo uma etapa da minha vida, que precisa ser encerrada. Nela não se resume simplesmente em terminar ou não a graduação, mas a forma como entendo arte, vida e como interajo com a cidade. Isso faz com que, além de terminar a universidade, mudar a relação que tenho com Salvador.



Hoje me vejo como um soteropaulistano, mas nem São Paulo e nem Salvador eu posso dizer que tenho um lar. A sensação de sempre é de um eterno desterro, e por isso, assumi meu desterro e literalmente, cairei no mundo, pois sei que os conhecimentos que busco não estão mais num ambiente acadêmico, e sim nas ruas, ambientes e pessoas que porventura vierem a cruzar meu caminho.



Ao assumir essa postura, pretendo diminuir as fronteiras entre arte e vida, e pensar neste processo de errância, de descoberta de novos ambientes enquanto um processo artístico. Por mais que não haja um público propriamente dito, acredito que experiêncas como esta sempre ressoam nos nossos fazeres. Pra mim, ser artista é estar num estado permanente de arte.



No dia 5 "farei" uma versão do isso pode não ser dança, no painel performático da UFBa. Por favor, compareçam, pois será um trabalho de despedida e de abandono de idéias, valores y otras cositas mas, e queria compartilhar este abandono com vocês, de forma bastante ativa, hehe.



O "isso pode não ser dança" volta, mas não como antes, impessoal e anônimo. Hoje eu, Fernando Lopes, sou/estou o "isso pode não ser dança?". As demandas do mundo com minhas necessidades demandam uma nova forma de movimento, movimento este que quero fazer em companhia daqueles que o afetaram de alguma forma e receberam este email



Abraços e beijos a todos, principalmente se acabaram de ler este texto enorme. Independentemente de poderem estar presentes ou não, meu carinho e agradecimento para com todos é o mesmo.



Até dia 05, pela noite



[fim do prólogo]"

domingo, 19 de setembro de 2010

Resposta da Carta - Edu O.

Nossa, fazem 5 meses que a etapa do projeto no quarta que dança acabou e ainda vejo rastros do trabalho em vários ambientes. Na agenda que um amigo tira da mochila, na bolsa de uma amiga que colou por brincadeira e acabou ficando. Em roupas, e etc. Apesar de ver todos esses rastros, assim como um pai que tem por filho favorito o mais rebelde, fico sempre me perguntando sobre as cartas que lancei no mundo? Foram lidas? Quais foram as reações? Dos outros produtos do trabalho eu tive a possibilidade de ver mais reações das pessoas, mas das cartas foi pouco, na verdade mais do que imaginava, mas ainda pouco. A única reação que presenciei quanto a elas foram funcionários dos correios tentando se recusar a mandar elas porque não era suficientemente pobre para tal.

Ontem recebi  resposta de uma carta de um amigo, o Edu O.. Segue abaixo a carta e minha resposta

Nando, querido,

recebi tua carta em Abril e somente agora tenho algo (sem muita importância) a responder. Isso aqui, também, pode não ser uma resposta e você pode nem querer mais saber disso.

No inicio de tua missiva (adoro esta palavra), você diz "Sou dançarino e a algum tempo tenho parado para refletir sobre o que é dança e o que não é e gostaria de compartilhar algumas dúvidas e crises que tenho sobre a dança com um alguém." Confesso que nunca tive muita crise com este assunto, nem pensava se o que eu fazia poderia não ser dança. Agora, depois de mais de dez anos de fazer artístico me pego refletindo sobre o meu fazer dança.

O projeto responsável pela construção do blog, O Corpo Perturbador, é o primeiro que ganhei verba para uma montagem de espetáculo. Será que esta montagem não já estreou tendo em vista todo o burburinho, todas as contribuições, toda participação virtual/real do público aqui neste espaço da rede? Será que não já estou fazendo dança pelo blog mesmo?

Lendo a tua correspondência não sei se me acalmo ou se fico mais em dúvidas.

"Você querido desconhecido algum dia já parou pra refletir sobre a possibilidade de que ler esta carta pode ser dança? Ou sobre a possibilidade de qualquer ato que você fez, deixou de fazer ou fará poder ser dança e você ser um dançarino no mundo?"

Eu acredito piamente que tudo que faço na vida pode ser dança. Me coloco no mundo de maneira bastante política e utilizo meu corpo com este propósito. Quero lembrar que meu corpo é tudo que me representa e me significa: voz, pensamentos, braços, pernas, coluna, careca, ouvidos etc etc etc etc não apenas a casca de pele que me protege e o que fica aparente. Nisso concordo que estamos agindo/fazendo dança. Mas que dança é essa? É o que mesmo isso tudo que estamos discutindo?

Quem valida o trabalho como dança? E mais uma vez pergunto: que dança? A quem se destina?

Acabei de sair do Encontro de Dança Inclusiva. O que é isso? e lá alguns teimaram em categorizar essa dança que usa corpos com deficiência. Quase falo corpos semelhantes ao meu, mas logo percebi que seria mentira, pois a deficiência tem corpos muito diversos e nem sempre parecidos com o meu, podem até ser mais semelhantes ao teu, a outros lá da Escola de Dança, aos corpos da Dança Contemporânea contorcidos e estranhos.

Ando bastante apreensivo com O Corpo Perturbador, com a quantidade de referências e informações que estão me chegando, com a necessidade de começar a fechar a torneira, sem querer  fechá-la, porque tudo é tão interessante e me parece tão impirtante. Os videos, as entrevistas, os contos, os pensamentos diversos, os sentimentos. O fazer escolha é o que mais me perturba (para ficar no contexto do blog), porque tenho certeza que deixarei coisas muito improtantes de fora. Essa escolha já é dança?

Está vendo, não respondi nada. Isso aqui, com certeza, não foi uma resposta,mas acordei pensando em você e na tua questão. Escrevi tentando falar comigo mesmo, refletindo sobre esse processo alucinado que é pensar/fazer esta dança. Você provocou a minha primeira confissão de perturbação. Coisa que procurei evitar esse tempo todo, porque acho que não preciso "palavrear" minhas perturbações, tudo que está aqui pertence a este universo interno inquieto e perturbado que sou eu. O que publiquei/escolhi dos outros pode não ser eu?
 
 
Publiquei este email láno blog também. Obrigado. Desculpe a demora.

Resposta



Wow, como é estranho receber uma resposta de uma carta que enviei a tanto tempo. Estranho, mas prazeiroso, hehe

Não me (falando por mim, com todas as idiossincrasias que tenho) interessam respostas, apesar de ter algumas. Acredito que hoje somos feitos de palavras. A partir do momento que criamos o vocábulo "eu"
criamos uma barreira com o mundo, dessa forma, tivemos que buscar estratégias para continuar uma troca com o mundo, interfaceada pela linguagem, como a dança. Faço a pergunta "Isso pode não ser dança?"
sem especificar que tipo de dança é por que esse vocábulo acaba sendo a raíz de tudo que diz respeito a dança, e problematizá-la, na verdade meu sonho é destruí-la, pois não vejo mais muito sentido utilizá-la hoje. Por constantes problematizações essa se alargou de tal forma que se auto consumiu, se entinguiu, assim como um elástico laceado. Ele ainda é um elástico, mesmo que não possa mais realizar sua função de elástico, que é se contrair e esticar. A dança foi esticada a tal ponto que rompeu suas fibras.

Quando digo "a dança" falo relacionado ao seu vocábulo, e não ao seu fazer. Acredito na dança enquanto linguagem com força suficiente pra se desligar da seara das palavras. Acredito que a dança está nos nossos corpos completos, em nossa voz, em nossas trocas com o outro.

Dançar é uma maneira de pensar sem palavras, de utilizar e desenvolver lógicas de pensamento sem palavras, ou até com elas, afinal, somos feitos de palavras né? hehe

Digo que ter respostas definidas não me interessam por que acho que a maior característica da dança é ser efêmera. Ao escrever uma definição do que é dança num papel ela perde seu sentido logo que a caneta sai
de cima da folha. Esse constante movimento dela é que a torna única e inapreensível. São momentos que nunca mais voltarão ! São momentos inapreensíveis, que existem e desaparecem. Que brotam e ao mesmo tempo morrem.Algo que deixa apenas lembranças (e quando lembramos, mudamos o passado. Nossas lembranças sempre existem no presente, e só nele podem existir)

Acredito que o corpo será, assim como Judite é, um excelente exemplo disso. Judite existe naquele momento dela. É fruto de seu momento, de sua casa, de seu chá, e principalmente de suas lembranças.Judite é uma
história sempre em curso. Ninguém é capaz de apreendê-la de fato. Ela simplesmente é. Quando vemos, nem seus rastros de lagarta ela deixou, só lembranças de uma lagarta que de certa forma também é um pedaço de
nós, afinal, nos conhecemos na experiência com o outro, e com Judite a coisa é sempre visceral, hehe

bjs Edu, muito obrigado pela resposta da carta. Não havia melhor momento de tê-la recebido do que hoje, pois ações como essas me fazem levantar após algumas porradas, hehe

Obrigado =]

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Resposta da Carta - Verônica de Moraes

querido fernando,
(antes tarde do que nunca pra te escrever!)

Parênteses, lacunas e fragmentos, a escrita da dança é feita muito dessas representações e ainda bem, porque só se constrói um pensamento com muitos buracos, conflitos, instabilidades...

Um dos mitos da dança é a própria palavra coreografia, invenção pra colocá-la do lado da música e outras  artes/pensamentos, com a lógica de que uma coisa que passa a ser escrita, registrada, representada por meio de símbolos, tem mais valor do que outras que não o são... e assim, a dança pôde se tornar "erudita", junto à mentalidade emergente da europa do século XIV (um pedacinho da europa diga-se de passagem...)

O termo, como qualquer coisa posta no mundo, vem se modificando em  seus significados e apropriações... coreografia deixou de designar uma erudição na dança e passou a ser praticamente o seu sinônimo...

O que vem a ser dança contemporânea também muda sempre na sua condição de sobrevivência: a de questionar sempre o seu lugar no mundo. é por isso que os artistas reinventam os termo a cada instante: nova dança, outra dança, dança burra... e no lugar de dançarino/bailarino: pesquisador-intérprete-
criador, artista da dança, criador, intérprete, co-criador, idealizador, etc... e também: obra artística, instalação- coreográfica, dança-teatro, dança-performance, videodança, e outros hibridismos emergentes...

Esses termos-questionamentos sempre fez parte da dança desde o início do século passado [pelo menos numa história oficial, legitimada: ou seja, que exclui todas as danças populares, todos os movimentos populares, tudo que era fora das políticas dominantes (engraçado que até hoje é assim...)] e vêm se  atualizando de tempos em tempos, e de trás pra frente e de frente pra trás...

E sua questão acredito que faz parte dessa história também. O mais curioso e interessante é o jeito que cê faz isso, principalmente no que diz respeito aos suportes de mídia. Muito bom, parabéns pelo seu trabalho, com certeza ele tem legitimidade e dialoga com questões que sempre estiveram presentes no mundo da dança, das artes do corpo, do modo como o corpo se move no-com o mundo e o mundo se move com o corpo.

O que me incomoda, digamos assim, é às vezes um discurso que generaliza e mata qualquer possibilidade de reflexão. Se eu falo de um corpo genérico ou se falo do ser humano como uma entidade que se apresenta quase abstrata, na verdade não falo de nada... Se afirmo que tudo é complexo, que tudo é evolução, que  tudo é sistema, que tudo é híbrido, que tudo pode e não pode ser dança, na verdade não estou dizendo absolutamente na-da... a meu ver. E penso que, no meu entendimento (e tenho a modéstia de dizer que  realmente-realmente não entendo muita coisa do que é escrito sobre dança), grande parte dos textos que tentam construir uma teoria sobre a dança, cai nesse discurso: "tudo é complexo e a dança também, tudo é híbrido e a dança também, tudo é evolução e a dança também(...)" Esse tipo de afirmação, além de ser dogmática e doutrinária, no mesmo nível dos discursos religiosos, vira um discurso-simulacro, solto no espaço e sobretudo BELO, na sua retórica que só serve pra ser repetida, mas nunca objeto de reflexão...
é nessa lógica também, dentre outras coisas, acredito eu, que dançar significa, definitivamente, esse exercício de retórica especializada...os pesquisadores dançam quando falam e escrevem sobre dança, aliás, sobre corpo, sobre corpo e semiótica, sobre corpo e evolução, etc. E a fala desses especialistas são, sem sombra de dúvidas, verdadeiros espetáculos.
 
Seguindo a mesma lógica do surgimento do termo coreografia, os discursos são criados pra elevar a dança no patamar erudito e acadêmico, dentro de todas as relações de poder que isso implica... É uma construção, uma criação. É dança! (...) (?)

Não faço propriamente uma crítica aqui, porque bebo diretamente dessa fonte inesgotável de imaginação, de criar vocabulários e realidades pra dança existir, pra que a gente possa falar dela de um ou de outro
ponto de vista. Não generalizar, por outro lado, não significa negar que a dança possa dialogar com o evolucionismo, com a teoria dos sistemas, etc; a alternativa não pode ser "a dança não pode ser tudo;
a dança é isso e não aquilo; a dança é um monte de movimento executados por um corpo no espaço-tempo".
 
De jeito nenhum... mas, acredito que os mais novos discursos sobre dança, e que, muito contraditoriamente, são os mais coerentes, só podem existir no mundo pela repetição dos mesmos. Infelizmente, esses discursos foram feitos para serem repetidos sem reflexão nenhuma... Como resolver esse impasse?
 
Acredito que o melhor que temos a fazer é tentar descobrir o que pra nós é importante. Parece óbvio, mas não é. Nos apropriarmos dos discursos em voga também é importante, o trabalho de antropofagia é
sempre mais saudável do que o da negação. Negação pressupõe sempre isolamento na altura do campeonato (todo o discurso que nega e questiona hoje em dia é taxado de obsoleto...e isso dificulta muito os diálogos, apesar de ter um lado positivo também...)

Ou seja, é na contradição mesmo que temos que fazer nossas perguntas, serpenteando com passos leves pelos fundamentalismos que em nossa época estão sendo legitimados a cada dia...

Avante!

Concluindo: suas perguntas podem fazer esse tipo de papel: deglutir o imperativo e transforma-lo em algo singular que possa trazer outras e mais perguntas... porque sabemos: o importante não é responder o tipo
de perguntas que você faz, mas constatar que elas ainda fazem sentido no nosso tempo-espaço, e com  certeza fazem!

Abaixo te deixo um poeminha que fiz há muitos anos atrás. Tenho um livrinho, o "histórias de corpo", e este faz parte do objeto ainda não publicável... (se não está no mundo, pode não ser dança?). Te escrevo esse 'poeminha' porque o escrevi num tempo que me incomodava ver que ainda a maioria dos nossos colegas encaram dança como sendo passos executados com eficiência no tempo e no espaço, por corpos atléticos e
sem cabeça...
 
Obrigada pelo espaço de um pouco de diálogo
e parabéns mais uma vez
grande beijo
veronica.

"DANCE OF xxxxxxxxx" (parte do título fora auto-censurado)

os bailarinos foram mortos
enrolados no próprio umbigo
o corpo agora é um pote vazio
pronto pra receber algumas migalhas

é um sapo aberto vivo na mesa do laboratório
(a cabeça pende pro lado e os olhos de vidro têm a função de imitar
todo o tipo de movimento à sua volta)

os bailarinos estão mortos
mas infelizmente ainda continuam dançando
na frente do espelho
imitam o movimento
se olham imitando o movimento
imitam o movimento da própria imagem

as bailarinas são tristes e risonhas
desaparecem por trás dos pavões histéricos
quando não tentam imitá-los

bonecos de papel congelados
mexem mexem sem parar e o quanto podem
(o quanto for preciso)
no sete-oito da cadência na volúpia em si mesmo
numa eficiência de dar dó

dispersos e alheios à tudo e todos
(exceto a obcecação por imitar)
nas ruas enfim,
são cidadãos comuns
loucos por óculos CHILLIBEANS."

Sumi mas não morri

E ainda estou no aguardo da resposta da FUNCEB

domingo, 30 de maio de 2010

Esclarecimentos sobre os descontos

Relou Pipou !

Mesmo após ter recebido o $$$$ -25%  cá estou eu lindo e loiro buscando alguns esclarecimentos. Segue abaixo o email que enviei para a diretoria de dança da FUNCEB.

Olá

Confirmei o recebimento do cachê, mas gostaria de pedir alguns esclarecimentos sobre.
Apesar do edital dizer que os valores do cachê são brutos, ou seja, passíveis de sofrerem descontos, Alexandre disse na primeira reunião com todos os proponentes que aquele valor seria pago integralmente, e que todos os encargos ficariam por parte da contratante, ou seja, fundação cultural. De início estranhei, mas já que o diretor de dança da fundação tá dizendo, ótimo. Acontece que houve um desconto de quase 25% no valor do meu cachê e realmente estou curioso quais foram as taxas aplicadas (se não me falha a memória, no recibo que assinei constava 5% de ISS e 11% de INSS, estou certo?. Nós artistas nos planejamos encima dos valores brutos devido a fala do Alexandre, pois o edital diz justamente o contrário. Meu trabalho nem foi tão prejudicado assim, pois sou a única pessoa, e a única pessoa que contratei digamos assim foi um fotografo, mas tiveram outros que terão que pagar iluminador, sonoplasta, figurino e por aí vai.

Além disso, gostaria de saber se o setor jurídico já decidiu se posso ou não publicar o parecer em meu blog.

Bom, é isso, fico no aguardo de uma resposta

Grato

P.S.: Este email irá para o blog do meu trabalho também

Caso a fundação queira usar o espaço do blog para algum esclarecimento, por mim tudo bem

Caso algum artista do quarta que dança também quiser usar o espaço do blog para questionamentos e por aí vai, por mim tudo bem, esse espaço é pra isso mesmo

P.S.: Piadinha ingrata, quando olhei o extrato da minha conta e vi o descontão pensei "Isso pode não ser uma sacanagem?" hehe

sábado, 29 de maio de 2010

DINHEIRO !!!!

Gente, duas notícias, uma boa e outra péssima.

A boa é que saiu o dinheiro do quarta que dança, a ruim é que não recebi R$ 4.000,00 e sim R$ 3.064,00. Descontaram quase 25% do valor do projeto.

Eu acho isso uma PUTA sacanagem, visto que na primeira reunião foi dito que aquele valor do edital era o valor líquido (apesar do edital dizer que o valor é bruto), e que todos os impostos ficariam a cargo da contratante.

Até tava esperando por isso, por histórias de amigos e porque no recibo estavam as porcentagens de impostos que era o ISS e INSS, mas isso dava cerca de 16%.

Aí nessa história quem senta do kibe? Mais tarde enviarei um email buscando maiores esclarecimentos.

Bom, é isso. Da próxima vez que for escrever um trabalho, escreverei-o e descontarei 25% dele.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Bu(boring)cracia

Olá

Boring = Chato, enfadonho, fastidioso e outra coisinhas super legais

Recebi ontem o parecer, ueba !!! Cheguei até a publicá-lo aqui e fazer um post super EMOtivo, mas recebi um email da FUNCEB respondendo a um email que já tinha enviado, perguntando se poderia publicá-lo no site. O diretor da FUNCEB ficou de ver. Hoje vi a resposta e resolvi despublicar o parecer.

Falei a pouco com a secretária e ela se informou com o departamento jurídico da FUNCEB, e para ter autorização de publicar este parecer (parece que sou o primeiro a querer publicá-lo) preciso enviar um ofício solicitando-o e etc.......

Ou seja, mais uma novelinha, dessa vez menos dramática e mais burocrata =]

terça-feira, 18 de maio de 2010

Projeto enviado à FUNCEB em 08/04/2010

Como prometido, segue abaixo proposição enviado à Fundação Cultural do Estado da Bahia para a categoria de Intervenção urbana de dança do edital Quarta que dança ed. 2009/2010

Descrição/Justificativa do trabalho

"Isso pode não ser dança?" é uma intervenção urbana de dança que busca instigar a sociedade em geral para a possibilidade de que seu dia-a-dia pode ser uma prática de dança constante e/ou problematizar o que é, o que não é e o que pode ser dança. O trabalho também busca ampliar a discussão e problematizar algumas questões recorrentes na área da dança, como "Hoje, onde começa e termina o fazer em dança?", "O que dança?", "De que forma dança existe hoje?","Quais as possibilidades do fazer em dança?", etc. Para realizar esta intervenção, ao invés de utilizar uma dança (dança aqui no sentido mais popular do termo, onde se espera uma pessoa realizando algum tipo de ação motora) como discurso básico, utilizarei de outros meios, entre eles:

•    Envio de 100 cartas sociais para endereços aleatórios com os seguintes texto "O que você fez a 5 minutos atrás pode não ser dança?", "O que você está fazendo agora pode não ser dança?" e "O que você vai fazer daqui a 5 minutos pode não ser dança?";

•    Confecção de cinquenta camisetas com as seguintes frases : "Isto que estou fazendo pode não ser dança?" e "Isso que você está fazendo pode não ser dança ?". Destas cinquenta camisetas, quarenta serão doadas para moradores de rua;

•    Confecção de adesivos em diversos formatos com as frases "Estar parado da forma que você está pode não ser dança ?", "Isto pode não ser dança?", "A pessoa ao seu lado pode não estar dançando ?", "O que você vai fazer dentro de 7 minutos pode não ser dança?" para serem colados em locais diversos, como cadeiras de ônibus, parachoques de carros, portas, cadernos, muros, postes, banheiros públicos e etc;

•    Publicação nos classificados do jornal "A Tarde" da frase "Isto que você está fazendo pode não ser dança ?";

•    Confecção de panfletos com a frase "O que você faz agora pode não ser dança ?" que serão distribuídos em bares, restaurantes, escolas e centros comerciais.

•    Confecção de um carimbo com a frase "Isso pode não ser dança?". O carimbo será utilizado para carimbar cédulas de dinheiro.

•    Personalização de guardanapos com a frase "Isso pode não ser dança?" que serão doados para lanchonetes e restaurantes.

•    Personalização de rolos de papel higiênico com as frases "Isso pode não ser dança?", "O que você acabou de fazer pode não ser dança?", "O que você vai fazer daqui a pouco pode não ser dança?" e "Estar nessa posição, fazendo esse movimento pode não ser dança?" para serem utilizados em banheiros públicos espalhados pela cidade.

Em todos esses meios de ação, haverá um email (issopodenaoserdanca@gmail.com) caso alguma pessoa que tenha se cruzado com o questionamento queira dizer algo. Haverão também as logomarcas da fundação cultural do estado da Bahia e do governo do estado da Bahia, como previsto no parágrafo 6.1.f do edital.

Acredito que o fazer em dança é muito mais amplo do que só a prática corporal. Trabalhar com produção, fomentar a dança,escrever projetos de dança, dar aulas de dança, propor discussões e debates são também fazeres em dança. Proponho este projeto de intervenção urbana em dança pois acredito que a questão abordada nele e da forma que está sendo abordada amplia e reconhece a prática discursiva e textual como uma possibilidade real de se fazer dança, pois discursos e textos só podem existir a partir de uma prática corporal. Proponho-o também para partilhar uma discussão da área da dança com a sociedade em geral, buscando diminuir um pouco as barreiras entre o público e a dança contemporânea.

Pela propriedade do trabalho, ao invés de indicar os locais de apresentação, indicarei os principais locais onde deixarei os materiais de ação e, ao invés do release do espetáculo, farei um release do trabalho.

Junto ao projeto, segue em um envelope adicional, ilustrações da camiseta, do rolo de papel higiênico, do guardanapo, fotos de ações realizadas com os adesivos, os adesivos e três cartas devidamente endereçadas e seladas.

Plano de formação

Como atividade de intercâmbio realizarei um seminário de duas horas intitulado "Isso pode não ser dança?". Neste seminário buscarei relatar minha experiência ao realizar a ação, demonstrando os produtos conseguidos e em seguida, realizar um debate sobre o título da obra. Este seminário será realizado duas vezes em dois espaços diferentes, sendo eles:

- Escola de dança da UFBA;

- Escola de dança da Fundação Cultural.

Já a escolha da Escola de dança da UFBA e da Fundação Cultural é trazer essa discussão para dois dos principais centros de dança da cidade.


 

Público alvo


 

Não há um público alvo para este trabalho, visto que ele possui uma certa permanência no ambiente urbano, ampliando assim a quantidade de pessoas que podem interagir com ele. Para se ter uma idéia, na Estação da Lapa transitam cerca de 460 mil pessoas por dia, na estação rodoviária e na estação Iguatemi transitam cerca de 65 mil pessoas em cada uma delas (dados da Superintendência de Transito e Transporte). No shopping Piedade transitam cerca de 100 mil pessoas por dia (dados recolhidos no site http://www.shoppingpiedade.com.br/). A Avenida 7 de setembro tem um trânsito de aproximadamente 350mil pessoas por ano (dados recolhidos no site http://pt.wikipedia.org/wiki/Avenida_Sete_de_Setembro_(Salvador)). Caso 1% das pessoas que transitam pela estação da Lapa vejam um adesivo com a frase e que esse adesivo fique lá apenas um dia, já são 4.600 pessoas expostas ao trabalho.


 


 


 

O resto dos dados presentes no formulário são de praxe. Indicação de documentos em anexo, materiais extras, DVDs, nome, dados pessoais e etc.

Abraços

sábado, 15 de maio de 2010

[Atualizado] FAIL FUNCEB

Olá

To aqui hoje como o muleque emburrado que sou.

Venho desde quarta-feira solicitando o parecer de meu trabalho perante a FUNCEB, em partes para publicar no blog e em partes para enviar em anexo à um edital que encerra suas inscrições HOJE, para que possa continuar o trabalho no segundo semestre. Infelizmente não me encaminharam o parecer, mesmo tendo ligado, na quarta, na quinta e hoje.

Bom, me sinto bastante prejudicado por esta falta de responsabilidade da FUNCEB em ter atrasado um documento que já venho solicitando a algum tempo

É isso u.ú

Atualização 15/10:

Bom, hoje é domingo, a data de entrega do PID foi prorrogada e recebi um email do diretor de dança da FUNCEB, Alexandre Molina preocupado com essa história buscando entender o que aconteceu. Expliquei tudo e aguardarei uma resposta.

Fui um pouco dramático em meu post, mas tava chateado também quando escrevi e a data do PID ainda não havia sido prorrogada.

Enfim, agora é aguardar. O que antes era um Epic Fail se tornou um simples Fail (mas ainda é um Fail)

Atualização em 17/10:

Conversei hoje com a pessoa responsável e foi tudo esclarecido. Amanhã pegarei um parecer em mãos da maneira como deve ser.

Eu não sei ao certo o tamanho do rebuliço que gerou, mas sem dúvida foi maior do que eu esperava, enfim...

Amanhã publico o parecer ={D

domingo, 9 de maio de 2010

Prestando contas

Hoje fiz o relatório de prestação de contas, digamos assim. Até terça recolho toda a documentação que falta e acho que a partir daí recebo o $$$$

Assim que receber o $$$$, disponibilizo o material enviado para a fundação

As fotos ! Agora editadas

Olá

Finalmente editei as fotos, divirtam-se =] (Clicando em cima a imagem aumenta)



É isso aí pessoa =]

Me enrolei todo na hora de postar, entao tem mais fotos, mas essa ficarão guardadas no âmago do meu HD pro futuro

Enfim o papel higiênico, hehe

Olá

Finalmente consegui tirar fotos do papel enviar pro blog. Confira abaixo:







sexta-feira, 7 de maio de 2010

Só pra deixar na curiosidade - Fotos da última ação

Olá

To com sono e vou dormir, mas antes, deixarei uma prévia fotográfica do trabalho.

Fotos de Aldren Lincoln

 Dura mas com uma blusinha nova

 Será ?

Vendedor também é gente !

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Acabou !!!!!! ..... as ações artísticas =[

Olá

Hoje encerrei as ações públicas propostas no edital, que é a "apresentação" do trabalho e as contrapartidas sociais. Agora entramos na parte de relatório pra encaminhar á FUNCEB e a melhor e última parte MONEY !!!

To cansado mas acho importante levantar alguns pontos.

Pela primeira vez realizei um trabalho com esse nível de complexidade sozinho e, vendo os prós e contras, acho que foi muito enriquecedor, mas vários erros cometidos foram erros bem tolos, como não se organizar direito para o dia, gestão de recursos financeiros a disposição e etc. Tanto que não poder relatar com exatidão quando gastei no trabalho. A grosso modo foi:

Camisetas: Aprox. 45o reais
Adesivos: 130 reais
Panfletos: 150 reais
Cartas: Aprox: 15 reais
Carimbos: 50 reais
Papel higiênico: 132 reais
Fotógrafo: 150 reais

Com mais uns extras aí dá por volta de 1.200 reais. O que me impressiona bastante! Peguei agora pouco as notas que tenho e outras coisas que lembrei de cabeça e realmente dá isso. Pensei que tinha gasto no mínimo 1500 reais.

Algumas ações não pude realizar. Até poderia mas não teria sentido. Uma das ações previstas era a confecção de guardanapos mas, cada pacote de guardanapos personalizados custava MEROS 110 reais cada pacote com apenas 100 GUARDANAPOS ! Resolvi desviar a verba deles para os papeis higiênicos. Com que eu gastaria fazendo 100 guardanapos eu compro 20 papeis higiênicos, faço 11 camisetas, 4 carimbos ou 500 adesivos !

Uma ação que não pode ser realizada foi a publicação no jornal A Tarde de um classificado com a questão do projeto. O argumento do jornal foi que "não havia nexo publicá-lo em qualquer seção do jornal". Meu CUtuvelo pro A Tarde. (Ops =])

Uma ação que teve que ser adaptada foi a carimbagem de cédulas. Não fui autorizado a colocar as marcas do governo nela =[[

Sobraram 10 camisetas (foram confeccionadas 40 e tantas. 8 foram entregues em bate-papos. Umas 30 entregues á cidadãos da região do Pelourinho ) que serão doadas à algum orfanato de meninas (aceito sugestões !)

Para a intervenção captei de fontes pessoais (valeu pai !) 1500 reais, que usei pra montar o trabalho e quitar algumas coisinhas (=])

Resumindo, o trabalho me custou aproximadamente 1200 reais. Ganharei 4000 mil. Fico com um saldo positivo (quem dera que fosse verdade) de 2800 reais.

Não faço idéia de quantas pessoas atingi, mas posso garantir com facilidade que expus no mínimo 2000 pessoas á essa pergunta. Isso contando a ação dos panfletos como central. Se cada cédula passar na mão de pelo menos 3 pessoas, garanto que mais umas 400 pessoas foram expostas ao trabalho. Mais 40 e tantas das camisetas. Mais as mais de 100 pessoas que receberam as cartas. Mais quase 1 km de papel higiênico estampado espalhado pela cidade. Não tenho noção de quantas pessoas atingi, até porque as pessoas conversam. Se cruzam com o adesivo colado numa agenda de amigo e comentam. Vêem alguém no pelourinho vestindo uma camisa e comentam. Caem no blog e ficam "QUEPORRAÉSSA?!". Isso que me dá um gás ! É massa dançar num palco, mas as dimensões de público que ele oferece ainda são pequenas

É isso, depois preciso fazer um tópico de agradecimentos

Ação hoje feita =DDD

Olá

Nanã deu uma trégua e me joguei na rua pra fazer o trabalho ! E olha que já havia cancelado e fui na sorte. Foi massa !

Infelizmente na rua não havia moradores de rua, mas havia gente humilde interessada nas camisetas e pensei "Por que não?" e entreguei essas camisetas para essas pessoas. Teve até um caso que dei camiseta pra familia INTEIRA, incluindo o bebê, hehe.

Durou aproximadamente uma hora e não houveram maiores problemas, foi uma delícia.

Quer mais detalhes? Pergunte !

Os agradecimentos especiais de hoje vão para Aldren Lincoln, fotógrafo do trabalho e Nanã, orixá responsável pelas chuvas que resolveu dar uma trégua na hora do trabalho.

As imagens estarão disponíveis em breve.

Enquanto isso tomei uma liberdade poética e escrevi um relatozinho mais caótico da história, segue abaixo:

Sono profundo. Lençóis grossos e uma intuição. Há algo sobre você. Estique a mão e pegue antes que se seja tarde, e, mesmo envolto em brumas de sonos, fui direto ao ponto, e por baixo dos lençóis agarrei algo que rastejava sobre ele. Se debatia e se torcia com medo, mas sem força, pois era pequeno. Acendo a luz e vejo que possui uma lacraia entre as mãos, uma lacraia de cerca de 10 cms, negra com as duas pontas vermelhas.

Medo? Não, segurança de que impedi uma traição.

- Vim dar um recado. Não se meta com Nanã. Não ouse invadir seus domínios, não ouse profana-la. Respeite-a com a senhora que ela é - Disse a lacraia ainda com medo e certa do seu destino.

Havia um cabide com dois pregadores nas pontas próximo a cama. Peguei-o e prendi uma das pontas do verme nele e apertei. O verme se contorcia enquanto morria. Duas patas das dezenas presentes caíram por sobre o carpete negro e continuaram a mover-se, dotadas de vida própria. Um pouco mais de tortura, aos poucos, os movimentos se tornavam menos intensos. Este era o ponto. Abri a janela. A lua minguava na alta madrugada enquanto o verme despencava de uma altura de 5 metros.

Apreensão. Não se deve mexer com Nanã e lacraia é sinal de traição.

Devo dormir novamente? Na mesma cama, do mesmo jeito. Agora sim medo e lembrança de histórias da prisão. "Na prisão eu tinha que dormir com algodão na orelha por causa dos piolhos de cobra. Piolho de cobra nunca anda pra trás. Se você dorme sem algodão na orelha, ele pode entrar no seu cérebro e te matar". Certo ou não, melhor não arriscar. Quando capturei o último ele estava bem perto. Já estava no coração.

Algodões nas orelhas e em seguida cama. Sono repleto de sonhos, nenhum pesadelo e nenhum símbolo perigoso. Melhor. Surge uma promessa. Só trabalharei se Oxumarê também trabalhar levando as águas para o palácio de Xangô.

O dia nasce. Nanã cai indecisa sobre a cidade. Nenhum sinal de Oxumarê. Cansado e apreensão despertam comigo. Cancelo parte do dia sem culpa. Nanã cai mais forte e contínua e, receoso, cancelo o trabalho mais importante do mês até agora. Nanã dá uma trégua e o sol começa a esquentar e o tempo abrir. Seria uma provocação ? Se foi, eu cai e remarquei o trabalho. Acho que era. A chuva cai mais forte e estranha. Muito medo. O trabalho é na rua e dependo de quem encontrar na rua. Sai de casa e olhei longe no horizonte, perto do fim do mar pelo sinal de Oxumarê, e nada. Tarot. Sai o carro. "SIGA ! AGORA O TEMPO É DE AÇÃO !" Assim o fim. Mochila nas costas. Guarda chuva aberto e rua !

Ônibus. Apreensão ainda forte. Várias camisetas para entregar aos protegidos de Nanã. Chego no centro histórico. Sem chuva, sem garoa, mas olho o horizonte. Nanã me olha, ansiosa para se despejar sobre a cidade, mas por enquanto, fica no mar. Olho para o céu a procura de Oxumarê. Vejo algo, num tom extremamente pastel. Se não for um sinal, ficou sendo.

Ando pelo centro. Nanã lavou as ruas e levou consigo muitos de seus moradores, dos quais queria ter encontrado e presenteado com uma camisa. Encontro um amigo e o trabalho começa.

O trabalho acontece aos poucos de maneira bem agradável. É difícil achar os protegidos de Nanã, mas acho outros menos carentes de afeto e outras materialidades e realizo uma troca com eles. Uma foto por uma camisa. Muitos aceitam. Sobram apenas camisetas de crianças.

Nanã resolve lavar novamente as ruas, e assim o faz. Meu trabalho está cumprido, assim como meus agradecimentos a grande Avó.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Ação hoje confirmada !

Olá

Nanã deu uma trégua e ainda to esperando Oxumarê levar as águas para o palácio de Xangô para o dia ficar mais bonito e seco.

Realizarei o trabalho. As previsões pra semana que vem são exatamente as mesmas de hoje, portanto, vou arriscar. Qualquer coisa termino outro dia

Estarei por lá por volta das 16 hrs

P.S: Valeu vó, hehe

terça-feira, 4 de maio de 2010

Quarta que chove x.x

Olá

E U N Ã O A G U E N T O M A I S E S S A C H U V A !!!!!!!!

Amanhã realizaria o último dia da intervenção no centro histórico, trocando as camisetas por fotografias com os moradores de rua, mas essa chuva tá impossível. Adoro chuva quando posso tomar chuva, mas preciso de um dia sol !

Enfim, passei só pra dizer que se o tempo não estiver bom amanhã, cancelo a budega de novo

Release

Olá

Tava lendo esses dias o release aqui do lado e refletindo... Ele não faz nenhum sentido !!!! São questionamentos pessoais e dentro desse formato de release ele cristaliza um trabalho que tá em constante mudança e que faz sentido de uma maneira para cada um.

Por enquanto vou deixá-lo, mas que não to indo com a cara dele eu não to u.ú

Bate-papo sobre o trabalho na escola de dança

O filho pródigo a casa retorna !

Hoje, como marcado, realizei o bate-papo na escola de dança, dentro de uma matéria, o módulo de estudos crítico-analíticos I e foi massa !

Fizemos na sala mesmo, e, apesar do barulho infernal das máquinas (me arrependi amargamente de não ter reservado o teatro do movimento para a atividade) pudemos realizar uma discussão massa !

Inicialmente estava mais perdido que cego em tiroteio. Acordei tarde. Peguei chuva. Esqueci o papel higiênico que ia mostrar para eles em casa. Fui pra aula no pavilhão de aulas da federação ( que fica em Ondina por acaso. Explicação: O local é conhecido como PAF, se fosse pavilhão de aulas de Ondina, ia ficar meio feio dizer "Ah, gente, eu tenhoaula no PAO 3 agora. Depois me encontra no PAO 1 pra gente tomar um açaí" ) pegar uma câmera com uma colega mas ela não estava lá (Paulinha dorminhoca, hehe). Voltei para a escola de dança. Fiz um cartazinho roots na mão mesmo. Coloquei na porta da escola. Subi pra sala. Montei as bagaças tecnológicas e uffa ! Comecei.

No começo estava ainda um pouco atordoado e acho que falei algumas coisas que não faziam sentido nenhum, e resolvi partir logo para os vídeos, que foram os mesmos da FUNCEB. Como foi um bate-papo dentro de um módulo, a sala estava cheia de gente, mas era aberta também a quem quisesse.

Videos apresentados ! Uffa ! Me senti mais seguro pra falar e eles mais seguros pra entender e começamos o bate-papo. Falava um pouco, respondia um pouco, eles comentavam entre si, as professoras falavam e etc., foi legal.

Uma das tônicas da conversa foram as políticas públicas de fomento artístico. Falamos sobre os editais da cidade, algumas particularidades de cada um e também como foi escrever e fazer (incluindo minhas relações com a FUNCEB =])

Depois de uma longa conversa sobre editais, falamos um pouco sobre a temática do trabalho e sobre intervenção urbana. Citei algumas que já participei. A relação do trabalho com o espaço urbano e, finalizando, falei um pouco sobre outros desdobramentos (polêmicos até hoje) que o trabalho teve como a performance/maluquisse "Isso pode não ser um desabafo", meu ensaio e por aí vai. Falei também um pouco da universidade enquanto espaço de uso, de encontro entre pessoas e etc.

Agradecimentos especiais de hoje vão para Paula Lice e Lia Sfoggia, professoras do módulo =]

Leu e ficou curioso. Pergunte =]

Aqui gatinhos e gatinhas curiosas não morrem, pelo contrário, são bem alimentados a base de salmão e moqueca de arraia =]

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Bate-papo sobre o trabalho amanhã !

Olá a todos

Amanhã ás 10 hrs realizarei um bate-papo sobre o trabalho na escola de dança da UFBA, provavelmente na sala 9. Apareçam !

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Contrapartida social

Olá

Gente, hoje realizei parte da minha contrapartida social na escola de dança da FUNCEB. Me desculpem por não postar aqui que teria. Confirmei a dois dias e esqueci completamente de avisar.

Pra quem não foi e quiser ir, haverá um repeteco na escola de dança da UFBA, na próxima terça feira, das 10 ás 12 hrs, na sala 9, acredito eu.

Foi massa o bate-papo. Começamos bem atrasadinhos, ás 12h30 (tava programado para as 12h). Mostrei dois vídeos. Um deles pode ser assistido aqui.



O outro ainda editarei para que possa ser visto pela web. Ele é muito longo para o youtube.

Falei sobre as ações, as minhas motivações e etc.. Falei pouco, era um bate-papo e as pessoas conversaram bastante entre si, sem ser aquela coisa chata de pergunta e resposta pra quem fez o trabalho. Tudo foi bem informal e haviam poucas pessoas, poucas pessoas mas pessoas interessadas, o que tornou o dia bastante rico pra mim pois ajudou a germinar outras questões que ele vai brotando. Infelizmente eu as vezes sinto que tenho que fazer um recorte pra poder agir de uma forma mais apropriada, ao menos mais apropriada em algumas ações.

Gostaria de dizer que quarta-feira é minha última ação DENTRO do quarta que dança. O blog continua enquanto houver movimento e sempre que eu fizer algo. Lógico que o fluxo caíra, afinal, gastei quase metade do meu cachê pra fazer a intervenção, e para continuá-la, terei que investir meu rico dinheirinho proveniente de minha prática. Massa ! Como disse, é um investimento, talvez veredas mais comerciais comecem a se abrir, hehe.

Acontecerá também dele ganhar novos formatos e outros tipos de discussão. Já tenho a concepção de uma ação híbrida entre instalação, performance, ready-mades intitulada "Troco notas de papel por obras de arte oficial e contemporânea". Para realizá-la, preciso de dinheiro público, senão ela perde o sentido (um dia explico ela melhor, é essas maluquisses de arte conceitual).

Matias Santiago levantou um ponto importante da cena de dança da Bahia. Boa parte das pessoas de dança da cidade possui um sub-título que parece alocá-la a determinado grupo (ou melhor, bolha) e qualquer tentativa de saída não é muito bem vista. Para exemplificar, Matias Santiago ex-grupo corpo, Fernando Lopes, escola de dança da UFBA, Fulano, de performance e tralalá. Estes subtitulos acabam criando pequenos grupos, o que deveria ser algo mais uno, afinal, não importa se eu quero correr nu ao vento ou se eu quero ficar 40 minutos encima da ponta ou negativar minha abertura, somos de dança e temos muita coisa em comum, uma delas é o dinheiro público.

Mas enfim, to cansado e com sono agora. Gostaria de agradecer á:

Matias Santiago e Rita Aquino pela predisposição e abertura que tiveram com minha proposta. Me senti super bem acolhido na escola de dança da Fundação.

Rebeca Dantas, Nath Delabianca, Evelyn Prudant J., Emili França, Márcio Maria Ahes Santos, Pakito Lázaro e Tatiana Campêlo pela presença e desejo de realizar o bate-papo. Muito obrigado mesmo.

Acho que é isso =]

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Ação hoje feita =DDD

Cheguei a pouco da Lapa. O dia foi cansativo mas foi massa.

Cheguei lá ás 17h00 e encontrei o camera-men e Érica, a secretária da fundação cultural na rampa de acesso que liga a Lapa ao shopping Piedade. Primeira coisa a fazer, registrar os papéis higiênicos, seria tudo filmado mesmo.

Entrego um pacote de papel higiênico personalizado para Érica para ela colocar no banheiro feminino, e entro no masculino com o câmera. Entrando, o lugar estava trash. Entrei numa das casinhas pra por o papel e não nem lugar pra por o papel. O pior de tudo é que era escuro. Ok Ok. Deixamos os papéis lá e partimos para o shopping Piedade fazer um registro no banheiro de lá.

Entramos os dois no banheiro masculino enquanto Erica ia depositar os papéis no banheiro feminino. Coloquei o papel lá dentro da casinha e o camera começou a montar a pequenina câmera profissional de ombro dentro da casinha com a porta aberta, enquanto eu esperava dentro do banheiro. Homens mijando e cagando e a demora de montar a câmera. Quem me via, acho que pensava que eu tava caçando homem dentro do banheiro, então deixei o camera-men sozinho com sua câmera e o papel higiênico personalizado. Sai e logo apareceu Érica. Depois de uns 3 minutos o câmera apareceu. Conseguiu registrar o papel, mas discutiu com um carinha metido a bandido que tava com uma diarréia do cão e tava louco pra usar a casinha ocupada pelo câmera, hehe.

Ok ok. Saímos os 3 e eu me coloco na minha função de panfleteiro enquanto o camera monta a camera pra captar uns 5 minutos da SUPER HIPER MEGA BLASTER ADVANCED PLUS ação de PANFLETAR ! Sim, para registro foram gravados 5 minutos de um doido de cabelos loiros e uma camisa fashion do projeto entregando panfletinhos. Okok. Material gravado, todo mundo feliz. Érica e o rapaz fazem uma horinha ali e vão embora, e lá fico eu, entregando os 2 mil panfletinhos =].

Ia entregando e as pessoas iam pegando como sempre fizeram com os panfleteiros de plano de saúde (eu já fui um deles em SP. O trabalho é escravo, hehe), mas, devido ao horário, só que panfletava ali. O rapaz e as moças que trabalhavam na lanchonete acharam estranho pra caramba mas curtiram a idéia. Conversei com eles e etc.. Resolvi assumir que era eu que fazia o trabalho e aproveitava essa ponte de conversa pra tentar provocar ainda mais as pessoas, ou ajudá-las a pensar. Foi assim com eles, o senhor que vendia cigarros e balas que ficou na minha frente (muito simpático por sinal, deixou até que eu colasse um adesivo na barraquinha dele). Engraçado foi ver ele e mais dois amigos discutindo e tentando "entender e compreender" o porque que eu estava fazendo aquilo. Outras pessoas pegavam, olhavam, faziam alguma pergunta rápida e tomavam seu rumo. Alguns se assustavam ao receber aquele panfleto. Tiveram duas pessoas(que eu percebi) que até voltaram de onde estavam pra conversar comigo. Falavam que não haviam entendido bem aquilo e que estavam pensando milhares de coisas mas não conseguiam organizar tudo aquilo porque não sabiam qual era a finalidade daquilo.

Enfim. Acabei de entregar tudo ás 19h40. Entreguei alguns adesivos pro senhor da barraquinha de balas e pra algumas crianças que brincavam ali perto e vim pra casa.

Ahh, é vou sentir e ver a cara do povão as vezes, hehe

[UPDATING...]

Este é o panfleto entregue:


Hoje percebo que o resultado final não me agradou. Queria algo mais didático e leve, mas já foi. Fazendo esse trabalho tenho acertos grandes e outros bem duvidosos, hehe

Ação de hoje confirmada =DDDDDDD

Olá !

O dia está lindo. O sol está brilhando e daqui a pouco, por volta das 17h30 estarei eu na estação da Lapa e nas imediações distribuindo meus panfletos e deixando rolos de papel higiênico nos banheiros da estação

É isso =]

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Ação de hoje cancelado =[

Olá

Devido a chuva de hoje irei cancelar a minha ação de hoje. Por ser uma ação externa onde iria entregar camisetas à moradores de rua, com a chuva o trabalho fica quase impraticável de se fazer, pois os moradores de rua vão procurar algum lugar pra se proteger e teria que andar com um monte de camisetas nesse tempo, ou seja, no way

Abraços

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sorry ! =[

Olá a todos

Gente, por desatenção reparei apenas hoje que as postagens anônimas estava desabilitadas. Se você antes tinha vergonha de postar pra não vincular seu nome, ou simplesmente passou aqui com o desejo de me mandar para a ponte que partiu de Lauro de Freitas, agora você pode fazê-lo sem eu saber quem você é, não é o máximo ? =]

Agora ninguém tem desculpa pra não postar u.u

E-mail anônimo

Segue abaixo um email recebido ontem (18/04). Sei quem é a pessoa, mas ela pediu que fosse anônimo, aliás, nem queria que eu publicasse, mas insisti e ela aceitou, portanto, segue abaixo o email e nos comentários uma resposta.

Caro Nando,

Como prometido, estou te enviando um e-mail porque sinto a necessidade de me manifestar sobre seu projeto. Não sei se você vai pôr esse e-mail no blog ou sei lá, mas eu queria apenas uma conversa informal. Antes de qualquer coisa, quero refletir sobre sua famosa pergunta: "isso pode não ser dança?". Acho que para negar o fato de "qualquer" coisa (palavra “isso”) não ser dança, significa que em algum momento convencionamos que "tudo" é dança e eu discordo totalmente. Com a contemporaneidade, acredito que abrimos mais espaço para certas expressões que antes eram exclusas do reconhecimento enquanto arte/dança. Concordo que a arte contemporânea tem o poder de englobar elementos que não tinham significado até então, mas acredito que querer significar tudo/qualquer coisa, não vale a pena.

A dança, por natureza, envolve movimento (ou não), ou o mínimo de consciência sobre o fazer. Para pensar que o que eu fiz hoje de manhã pode não ser dança, eu preciso concordar que a dança engloba/é todas as ações/gestos/pensamentos do meu cotidiano. É realmente engraçado pensar sobre isso tudo, e estou com medo de me contradizer.. Vou ser mais específico, acho que meu “andar na rua” pode ser dança se envolver algumas questões (como proposta, direção, platéia – não necessariamente a convenção estética teatral), mas se eu apenas caminhar sem nenhuma intenção não acho que posso chamar de dança. Eu sempre encontro sua pergunta na tampa do sanitário na Ufba, e volta e meia penso sobre. O ato de urinar também depende do contexto para se chamar de dança.

Acho a proposta super inteligente, mas eu inverteria a ordem das palavras (apesar de que muda um pouco o sentido e fica um tanto clichê): “O que você está fazendo é dança?”. Enfim, podemos discutir mais sobre isso, é só responder =)

Abraço,

XXXX"



REPLY

Olá =]


Amigo, nesses últimos dois dias tive experiências que me fizeram lembrar aspectos do cerne do meu trabalho e realmente queria muito ser sintético na minha fala, mas não conseguirei. [FATO !]

Uma das minhas experiência foi com um texto que já havia lido da Christine Greiner chamado "Arte na universidade para germinar questões e testar procedimentos". Infelizmente emprestei o texto, mas nele havia uma explicação do termo teoria, que nada mais é do que um modo de ver as coisas, ótimo, primeira experiência relatada.

A segunda foi durante uma aula, quando Fernando Passos durante uma conversa disse que identidade não existia, o que existia era a repetição de ações de hábitos. Nas minhas palavras ficaram "Identidade não existe, o que existe são repetição de atos que respaldam alguma imagem ou estereótipo". Um exemplo que ele citou é o fato de que não existem homossexuais (medo de estar pervertendo o exemplo) e sim atos homossexuais, ações que acabam vinculando um tipo de imagem, só que essa imagem não é fixa, ela é mutável e se encontra em constante mudança, por tanto, assim que você define o que é homossexual hoje, você corre um grande risco de ao terminar de escrever sua frase já ser ultrapassado, pra mim (agora do meu ponto de vista, ou melhor, da minha idiossincrasia enquanto artista) ocorre a mesmíssima coisa com dança.

Hoje, qualquer tentativa de se ousar definir o que é, não é, deixa de ser, pode ser e etc. é extremamente perigosa, ainda mais na universidade, ainda mais ainda mais com o advento das teorias dentro da universidade, pra você ver, vou citar um exemplo meu. Possuo um ensaio chamado "Escrever este ensaio pode não ter sido dança?". Nele coloquei um exemplo mas vou adaptar ao seu do andar.

Se você caminha, acredite, há uma intenção nisso e mais, há um trabalho técnico cognitivo que lembra muito o treinamento técnico de qualquer dança baseada em princípios mais de encadeamento de passos ou que existem um apuro técnico de certo tipo de movimento (traduzindo em miudos, balé, graham e cunnigham). O que é diferente é que desde bebê somos adequados a seguir este tipo de treinamento por uma questão de sobrevivência. Balé só fazemos depois de alguns anos de existência no planeta (uns 3 no mínimo). Ou seja, temos um primeiro ponto. Você teve um trabalho do cão pra poder fazer hoje uma atitude que boa parte da população faz, que é por um pé na frente do outro. Massa !

Outro ponto é o que acontece nos seus mapas cerebrais. Mapas cerebrais são maneiras que o cérebro tem de registrar determinadas atitudes humanas, como andar, comer, falar e outras coisas bem comuns. Ele estão se fazendo, se desfazendo e se associando o tempo todo. Agora mesmo, os mapas cerebrais que no decorrer da minha vida eram responsáveis pela coordenação motora fina da mãos, que com o passar dos tempos foi se desdobrando e criando um que me faz digitar no teclado que estou utilizando agora com uma velocidade boa e sem tem que olhar para ele para escrever estão em ação.

Quando eu ando num palco os mapas cerebrais utilizados são exatamente os mesmos que você usa pra andar na rua, ou seja, cognitivamente e aplicando um reducionismo interteórico um tanto perigoso, se o ato motor de andar é validado num palco enquanto dança, porque o meu ato de andar na rua não pode? E mais ! Por que meu ato de andar sozinho na minha casa no escuro não pode? Ou mais ! Se eu me mexo encima de um palco fazendo um adágio de balé é quase senso comum para nós ocidentais cosmopolitas que aquilo é dança, pois tem música, tem ritmo, tem figurino, tem técnica e etc, mas, se eu fizer isso numa sala de ensaio ainda é dança, ou melhor. Se eu fizer isso no meio do deserto do Saara e não contar pra ninguém, isso é dança? Pra mim é, pois arte em geral, focando na dança, é linguagem, comunica, cria símbolos é produtora de conhecimento. Se eu faço algo de dança no escuro do meu lar estou criando mapas corporais para a arte. Do meu ponto de vista, restringir dança á uma certa categoria ou condição (por exemplo, dizer que é necessário um trabalho para algo ser dança)acho extremamente perigoso, assim como dizer que tudo é dança. Nunca ninguém conseguiu me convencer de que algo não era dança usando termos. O mais comum é dizer que para ser dança é necessário haver um trabalho consciente para tal, porra, eu pra chegar nos 21 anos atuais vivo tive que trabalhar MUITO, e muitos do atos foram repletos de consciência, muitos também não foram, mas quem disse que todos os atos de dança do mundo são escolhas conscientes ?

Fiz uma defesa do cão do que eu penso e entendo, mas pra ser sincero, muito do que coloquei eu também não concordo, mas HOJE, na realidade não só acadêmica, mas nas artes conceituais, que a dança tem se apropriado cada vez mais fortemente (e isto é bem forte e visível em Salvador) o fato de eu criar uma argumentação teórica pode validar e desvalidar algo enquanto dança, e se um grupo comprar a idéia, então fudeu (no bom ou no mal sentido) pois isso pode até virar tendência em editais (cof cof).

Ótimo, expliquei a PRIMEIRA PARTE, que era enquanto uma defesa mais teórica punheta-acadêmica-de-artista-conceitual-com-encurtamento-no-joelho. Agora vamos pra uma segunda que é a que mais mexe comigo, apesar de ficar em segundo plano normalmente.

Lembra quando disse que não existem homossexuais, e sim atos homossexuais, pra mim, com a dança é a mesma coisa. A dança não existe, existem atos no mundo que validam o que é dança e o que não é, e estes atos estão em constante mudança e, cada vez mais, numa velocidade absurda ! O que me fez estar aqui hoje respondendo sua pergunta não foi o fato de EU estar validando isto enquanto um ato de dança ou extremamente relacionado a esta, e sim um grupo de pessoas que está respaldando minha ação. Três pessoas de renome na dança (Dulce Aquino, Leonardo Luz e Duto Santana) resolveram selecionar o meu projeto no meio de tantos projetos de INTERVENÇÃO URBANA DE DANÇA. Até aí beleza, mas outras pessoas estão comprando a idéia, ou melhor, compraram, pois aquele adesivo no vaso de dança fez 1 ano faz pouco dias.

Quanto a não existência da dança, foi uma coisa que pensei hoje e já to trazendo pra roda, hehe. Antes (e ainda penso) que a palavra DANÇA, com todos os significados/significantes que ela carrega não tem mais nenhum sentido de e existir. Ela é tão polissemica, tão contraditória e tão mutável e híbrida que não vejo mais lógica de usá-la, uso por vício de linguagem. E mudar a forma como entendemos uma palavra muda nossa forma de lidar/apreender n(o) mundo, afinal, agimos no mundo muito fortemente por palavras, e palavras criam corpos e destroem corpos, destroem danças e constroem danças. Doido esse lugar de autoridade da palavra né? Mais doido ainda é este lugar da academia de dança onde você é obrigado a defender um texto escrito e não algo mais dança. Apesar de alguns programas de mestrado e doutorado estarem permitindo trabalhos coreográficos (se eu for entrar pra discutir meu entendimento de coreografia, não saio daqui hoje, e preciso dormir) eles sempre estão acompanhados de teses e dissertações. Eu muitas vezes não concordo comigo mesmo ao definir que tudo é dança por esse local da academia. As lógicas de raciocínio utilizadas para escrever (dentro dos moldes acadêmicos) são muito diferentes das presentes hoje na dança. (Se formos analisar, a dança dentro da universidade está para o balé russo dentro do contexto do início século XX. Só existe uma forma de grande dança, o resto é resto)

Sinceramente, já larguei gás demais. Quando a escrita começa a ficar confusa devido a polissemia que as palavras vão ganhando é melhor respirar e tentar incorporar. Finalizando, cada um faz uma leitura deste "pode não ser" e "posso não ser" do trabalho. Escolhi eles ao invés do "é" ou "não é" por que seria simplista demais. Ex.: Se dança é balé, e andar não é balé, logo, andar não é dança. Colocando a negativa doida fica. Se dança pode não ser balé, e andar pode não ser balé, logo, andar pode ser dança. Meu intuito é provocar uma reflexão mínima possível, e esse "pode não ser" abre espaço para as possibilidades de dança e para a mutabilidade/polissemia da mesma, tentando furar possíveis defesas que a pessoa tem. Tentar fazê-la perceber o que existe ali (ontologia da coisa) e o como ela existe ali através dos conhecimentos que tenho (epistemologia da bagaça).

Chega, vou ficar doido x.x

P.S.: Acesse http://www.youtube.com/watch?v=dIWIPjRmRiw&feature=related pra ver um adágio de balé)

P.S.: Possuo um ensaio que faz tempo que não mexo chamado "escrever este ensaio pode não ter sido dança?". Se quiser ler, mande-me um email que envio. Não vou torná-lo público aqui por enquanto.