quinta-feira, 6 de maio de 2010

Ação hoje feita =DDD

Olá

Nanã deu uma trégua e me joguei na rua pra fazer o trabalho ! E olha que já havia cancelado e fui na sorte. Foi massa !

Infelizmente na rua não havia moradores de rua, mas havia gente humilde interessada nas camisetas e pensei "Por que não?" e entreguei essas camisetas para essas pessoas. Teve até um caso que dei camiseta pra familia INTEIRA, incluindo o bebê, hehe.

Durou aproximadamente uma hora e não houveram maiores problemas, foi uma delícia.

Quer mais detalhes? Pergunte !

Os agradecimentos especiais de hoje vão para Aldren Lincoln, fotógrafo do trabalho e Nanã, orixá responsável pelas chuvas que resolveu dar uma trégua na hora do trabalho.

As imagens estarão disponíveis em breve.

Enquanto isso tomei uma liberdade poética e escrevi um relatozinho mais caótico da história, segue abaixo:

Sono profundo. Lençóis grossos e uma intuição. Há algo sobre você. Estique a mão e pegue antes que se seja tarde, e, mesmo envolto em brumas de sonos, fui direto ao ponto, e por baixo dos lençóis agarrei algo que rastejava sobre ele. Se debatia e se torcia com medo, mas sem força, pois era pequeno. Acendo a luz e vejo que possui uma lacraia entre as mãos, uma lacraia de cerca de 10 cms, negra com as duas pontas vermelhas.

Medo? Não, segurança de que impedi uma traição.

- Vim dar um recado. Não se meta com Nanã. Não ouse invadir seus domínios, não ouse profana-la. Respeite-a com a senhora que ela é - Disse a lacraia ainda com medo e certa do seu destino.

Havia um cabide com dois pregadores nas pontas próximo a cama. Peguei-o e prendi uma das pontas do verme nele e apertei. O verme se contorcia enquanto morria. Duas patas das dezenas presentes caíram por sobre o carpete negro e continuaram a mover-se, dotadas de vida própria. Um pouco mais de tortura, aos poucos, os movimentos se tornavam menos intensos. Este era o ponto. Abri a janela. A lua minguava na alta madrugada enquanto o verme despencava de uma altura de 5 metros.

Apreensão. Não se deve mexer com Nanã e lacraia é sinal de traição.

Devo dormir novamente? Na mesma cama, do mesmo jeito. Agora sim medo e lembrança de histórias da prisão. "Na prisão eu tinha que dormir com algodão na orelha por causa dos piolhos de cobra. Piolho de cobra nunca anda pra trás. Se você dorme sem algodão na orelha, ele pode entrar no seu cérebro e te matar". Certo ou não, melhor não arriscar. Quando capturei o último ele estava bem perto. Já estava no coração.

Algodões nas orelhas e em seguida cama. Sono repleto de sonhos, nenhum pesadelo e nenhum símbolo perigoso. Melhor. Surge uma promessa. Só trabalharei se Oxumarê também trabalhar levando as águas para o palácio de Xangô.

O dia nasce. Nanã cai indecisa sobre a cidade. Nenhum sinal de Oxumarê. Cansado e apreensão despertam comigo. Cancelo parte do dia sem culpa. Nanã cai mais forte e contínua e, receoso, cancelo o trabalho mais importante do mês até agora. Nanã dá uma trégua e o sol começa a esquentar e o tempo abrir. Seria uma provocação ? Se foi, eu cai e remarquei o trabalho. Acho que era. A chuva cai mais forte e estranha. Muito medo. O trabalho é na rua e dependo de quem encontrar na rua. Sai de casa e olhei longe no horizonte, perto do fim do mar pelo sinal de Oxumarê, e nada. Tarot. Sai o carro. "SIGA ! AGORA O TEMPO É DE AÇÃO !" Assim o fim. Mochila nas costas. Guarda chuva aberto e rua !

Ônibus. Apreensão ainda forte. Várias camisetas para entregar aos protegidos de Nanã. Chego no centro histórico. Sem chuva, sem garoa, mas olho o horizonte. Nanã me olha, ansiosa para se despejar sobre a cidade, mas por enquanto, fica no mar. Olho para o céu a procura de Oxumarê. Vejo algo, num tom extremamente pastel. Se não for um sinal, ficou sendo.

Ando pelo centro. Nanã lavou as ruas e levou consigo muitos de seus moradores, dos quais queria ter encontrado e presenteado com uma camisa. Encontro um amigo e o trabalho começa.

O trabalho acontece aos poucos de maneira bem agradável. É difícil achar os protegidos de Nanã, mas acho outros menos carentes de afeto e outras materialidades e realizo uma troca com eles. Uma foto por uma camisa. Muitos aceitam. Sobram apenas camisetas de crianças.

Nanã resolve lavar novamente as ruas, e assim o faz. Meu trabalho está cumprido, assim como meus agradecimentos a grande Avó.

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